Observatório do MPT revela: Paraíba registra 1.655 acidentes de Trabalho e 14 mortes só este ano

03/08/2018 – Somente este ano, 1.655 acidentes de trabalho já foram registrados na Paraíba, uma média de oito por dia.

Os dados (atualizados até 2 de agosto, às 16h) são do Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho, ferramenta do Ministério Público do Trabalho (MPT) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e revelam, ainda, que 14 trabalhadores perderam a vida, este ano, no Estado, vítimas de acidentes durante suas atividades laborais (média de duas mortes por mês).

A ferramenta online (que pode ser acessada no endereço https://observatoriosst.mpt.mp.br) apresenta dados georreferenciados de todos os Estados do País de incidência e de número de notificações de acidentes de trabalho, gastos previdenciários acumulados e dias de trabalho perdidos. Mostra, ainda, as áreas onde mais ocorrem, os tipos de lesões mais comuns.

O Observatório traz também o “Acidentômetro”, que atualiza, praticamente em tempo real, o número de acidentes de trabalho ocorridos o Estado, com base em CAT’s (Comunicação de Acidente de Trabalho) informadas pelas empresas e pelos órgãos oficiais.

Números preocupam

Para o procurador-chefe do MPT-PB, Carlos Eduardo de Azevedo Lima, os dados revelam uma realidade extremamente preocupante, demonstrando a necessidade de se avançar, cada vez mais, para a implementação de uma verdadeira ‘cultura da prevenção’. Ele lembrou que, a última sexta-feira (27 de julho), foi o Dia Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho, mas destacou que é preciso ter uma ação permanente voltada a essa cultura todos os dias.

“Não há como sucumbir ao discurso fácil de que se estaria tratando de fatalidades. Os acidentes de trabalho podem – e, acima de tudo, devem – ser evitados, enfaticamente”, destacou Carlos Eduardo Lima.

“O trabalho é reconhecido, até mesmo em máximas populares, como um ‘meio de se ganhar a vida’, não se podendo conceber que continue a ser, em um número assustadoramente grande de casos, num meio de adoecimentos, de acidentes causadores de graves sequelas e até mesmo de morte para os trabalhadores”, ressaltou.

Carlos Eduardo lembrou que o Ministério Público do Trabalho atua de forma permanente na defesa de um meio ambiente do trabalho seguro e saudável e na redução dos riscos relacionados ao exercício das atividades laborais. Pois o acidente de trabalho gera graves prejuízos ao trabalhador, à família dele e a toda sociedade.

 

            “Perdi meu braço em um acidente”

“Perdi meu braço direito em um acidente de moto, em junho de 2016. Na época, estava esperando ser chamado para um emprego, só trabalhava fazendo bico, como autônomo. Voltei pra casa da minha mãe porque não tenho condições de me manter, sem salário e sem benefício do INSS. A mulher mora com a mãe, anda mancando e vive da reciclagem”. O relato é do pedreiro Josinaldo Virgínio Rocha, 44 anos, que mora em Campina Grande.

Ele contou que a mulher quebrou o fêmur no acidente e passou por três cirurgias. “Mesmo mancando, ela ainda consegue trabalhar na reciclagem. Mas não tem um dinheiro certo. Faço fisioterapia no Cerast e estou aguardando uma prótese. E graças a Deus estou vivo pra contar a história”, revelou Josinaldo.

A história do pedreiro e da mulher se repete todos os dias pelo Brasil afora. São milhares de acidentes, que deixam consequências para as vítimas e suas famílias. Seu Josinaldo é um dos trabalhadores atendidos pelo Cerast (Centro Regional de Reabilitação e Assistência em Saúde do Trabalhador), construído pelo MPT-PB em parceria com a Prefeitura de Campina Grande.

Centro faz 3 mil atendimentos por mês

Segundo o diretor do Cerast, o fisioterapeuta Eduardo Antônio Costa, o Centro realiza cerca de 3 mil atendimentos por mês em todas as áreas a aproximadamente 400 trabalhadores de Campina Grande e municípios da região. “São atendimentos não só de reabilitação na fisioterapia, mas também consultas com ortopedista, acompanhamentos com psicólogos, fonoaudiólogos”, informou, ressaltando que o serviço é gratuito e pioneiro no País.

            Vítima de acidente não consegue mais trabalhar

        Josefa de Freitas Soares, 47 anos, também entrou para as estatísticas de acidente de trabalho. Ela perdeu um dedo e quase perdia o outro enquanto manuseava uma máquina de triturar carne, na cozinha de um restaurante, em Campina Grande, um momento que ela jamais vai esquecer. “Na hora pedi a Deus pra aguentar a dor. Isso foi em 2014 e ainda hoje, dói demais! A fisioterapia melhora muito, mas tem faltado até o dinheiro da passagem”, lamentou.

         A reportagem do MPT-PB entrevistou Josefa há dois anos, no Cerast, onde ela iniciava a sua fisioterapia. Essa semana, voltou a conversar com ela. “Continuo sem poder trabalhar, pois minha mão perdeu a sensibilidade”, revelou.

“Por falta de dinheiro para a passagem, estou sem poder ir para a fisioterapia. Recebo só 470,00 de auxílio pra tudo. Sustento uma neta que crio e um filho. Mas se Deus quiser, meu filho vai começar a trabalhar”, concluiu, Josefa, esperançosa.

 

Fonte: Ascom / MPT-PB.

 

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