Crise é fábrica de escravos mirins
Todos os dias, 101,5 mil crianças e jovens entre 5 e 17 anos são explorados no trabalho, no tráfico e no sexo na Paraíba. Com a crise econômica, o trabalho infantil recrudesceu. O crescimento foi de 63,5%, diz o IBGE. “O futuro é tenebroso”, avalia o procurador Eduardo Varandas.
Confira Reportagem Especial e manchete de CAPA do Jornal Correio da Paraíba deste domingo (10 de abril/2016).
Infância em crise
É a herança do chicote. Pobreza faz trabalho infantil crescer.
Faltam alternativas para famílias e procurador vê futuro tenebroso
São 101.515 meninos de 5 a 17 anos de enxada na mão, empurrando carrinho de frete,
assentando tijolos, sendo 'aviõezinhos' de traficantes... a infância pobre jogada no lixo.
Do Litoral ao Sertão, uma multidão de pequeninos está trabalhando neste momento,
quando deveriam estar estudando, brincando e sendo crianças, apenas.
Segundo o IBGE, o trabalho infantil cresceu 63,5% (nove vezes mais que o dado nacional), entre 2013 e 2014. Um crime pouco denunciado e por vezes compactuado com a sociedade, que perpetua a herança do chicote colonial, na qual a infância pobre tinha que trabalhar para 'não fazer coisa errada'.
Para as autoridades, a tendência é que o número cresça ainda mais em reflexo da crise econômica e da falta de alternativas para as famílias de baixa renda. Em Bayeux, por exemplo, há crianças de 7 anos no narcotráfico. Em Guarabira, elas ajudam os pais no lixão.
O procurador do Ministério Público do Trabalho na Paraíba, Eduardo Varandas, prevê um futuro tenebroso: “Estamos fazendo uma radiografia analítica de dados de 2014. Quando sair 2015/2016 a situação vai ser mais crítica. Por causa da crise econômica, as políticas públicas foram restringidas. Isso vai refletir diretamente. Não são necessários dados, o aumento é visível. Há cinco anos, não se via tantas crianças trabalhando. É uma situação quase epidêmica”.
(Reportagem de Bruna Vieira – Correio da Paraíba)
Ascom/MPT-PB