MPT lança campanha contra Exploração Infantil no São João com adesão de artistas

Em parceria com a Prefeitura Municipal de Campina Grande, evento aconteceu no Sítio São João, com apresentação cultural de jovens e muito forró

A Paraíba é o terceiro Estado do Brasil com maior crescimento de crianças trabalhando: entre 2013 e 2014, o aumento foi de 65%. Ou seja, em apenas um ano, 41 mil crianças e adolescentes passaram a trabalhar, totalizando 104 mil meninos e meninas, de 5 a 17 anos, exercendo alguma atividade precoce no Estado, conforme dados do IBGE (Pnad 2014). No período de festas juninas, a preocupação aumenta. Pois, cresce também a ocorrência de meninas que são exploradas sexualmente.

Na semana de abertura do ‘Maior São João do mundo’, em Campina Grande, uma campanha foi lançada pelo Ministério Público do Trabalho na Paraíba para combater o problema.

Em parceria com a Secretaria de Assistência Social da Prefeitura de Campina Grande, o lançamento aconteceu na manhã desta terça-feira (31), no Sítio São João, com a presença de artistas que participarão dos festejos juninos no município e região, como Amazan, Capilé, poeta Francinaldo com o filho Fabiano Guimarães e a cantora Gitana Pimentel. O cantor Gabriel Diniz – um dos primeiros a aderir à campanha – gravou um vídeo que foi exibido no evento, já que não pode estar presente.

“Todos contra a exploração infantil, nas suas mais variadas formas. Precisamos mudar esses números de exploração do trabalho infantil, inclusive de crianças nas drogas. Estamos formando batalhões de dependentes químicos. E, se não dermos as mãos para combater isso, de forma contínua e efetiva, no futuro, teremos que investir muito mais para recuperar essas crianças. Por isso, convidamos todos a vestir a camisa contra a exploração infantil”, ressaltou o procurador do Trabalho Raulino Maracajá.

A campanha

Raulino Maracajá explicou que, durante os 30 dias de festa, haverá equipes fiscalizando a área do Parque do Povo e distribuindo materiais da campanha, que tem como slogan "O trabalho infantil não dignifica ninguém" e convida toda a sociedade a denunciar através do Disque 100. Além disso, vídeos da campanha – inclusive com artistas da terra – serão exibidos nos telões do palco principal, nos intervalos dos shows.

Unidade Móvel para resgatar crianças

Uma unidade móvel educativa doada pelo MPT para o projeto Ruanda também foi apresentada no evento. O veículo foi completamente adaptado – com lousa, bancos, armários, material pedagógico e esportivo, bebedouro, rampa de acesso para cadeirantes, gerador, etc. – para auxiliar no trabalho do programa, que há 15 anos resgata crianças e adolescentes das ruas, do trabalho infantil e do tráfico de drogas.

“Essa unidade será muito importante nesse trabalho. Só temos a agradecer a parceria do Ministério Público do Trabalho”, frisou a secretária de Assistência Social do município, Eva Gouveia que, na ocasião, representou o prefeito Romero Rodrigues.

Problema cultural

O procurador do Trabalho Eduardo Varandas, coordenador Regional da Coordenadoria de Combate à Exploração do Trabalho da Criança e do Adolescente (Coordinfância), também esteve presente no evento. Ele ressaltou que é preciso haver primeiro uma mudança cultural na sociedade.

“Infelizmente, ainda escutamos a frase ‘melhor estar trabalhando do que roubando’. Como se para a criança pobre só existissem dois caminhos: o trabalho precoce lesivo ou o crime. O trabalho precoce deixa sim marcas terríveis. Quando fecharam o Carandiru, 90% dos detentos que lá estavam tinham trabalhado quando crianças”, comentou Varandas.

No lançamento, houve apresentação de dança regional por jovens que integraram o Peti (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil). Os artistas declararam apoio à causa, vestindo a camisa da campanha. Na terra do ‘Maior São João’, o evento terminou com muito forró, com Amazan, poeta Francinaldo e o filho Fabiano Guimarães na sanfona, além da cantora Gitana Pimentel, que anunciou: “Não ia perder esse evento por nada”. 

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